DE NOVO

Diversos livros já exploraram o efeito causado pelo uso deliberado de dobras inusitadas em suas páginas. Na maioria dos casos, trata-se de narrativas visuais que se completam ou se alteram à medida que o leitor manipula as folhas vincadas.

“De Novo” é mais um deles.

Ao mesmo tempo, porém, talvez não o seja. Pois seu ponto de partida não é exatamente a brincadeira do vira/desvira (ainda que às vezes ela surja), mas sim qual o impacto no processo de confecção de um livro, caso se alterasse aquele que é um dos atos essenciais da leitura: o de virar a página. Virar a página, avançar rumo ao desenrolar da história, ultrapassar aquilo que foi lido. De tão impregnada em nossa cultura, a ação tornou-se expressão idiomática, e enquadramos como “página virada” um assunto concluído, além de qualquer episódio ou pessoa do passado que deixamos pra trás.

Mas e se, ao virarmos uma página, o conteúdo anterior não desaparecesse por completo? E se algo sobrasse? Não aceitasse ficar pra trás, insistisse em permanecer? Quais problemas e possibilidades nasceriam na execução de um livro? E em sua leitura? Dessas perguntas nasceu este livro. Ensaiando respostas em seis diferentes possibilidade expressivas de se construir uma narrativa impressa: fotografia, texto, desenho, colagem, diálogo e cor/pictogramas. Com embalagem de plástico bolha e tiragem limitada, “De Novo” conta com encadernação manual para cada um de seus seis cadernos.

“De Novo” foi publicado pela Lote 42 em 2018.