A conhecidíssima novela escrita por George Orwell é com frequência representada por imagens que remetem de forma direta a seus célebres porquinhos. Porém, como se sabe, a narrativa — assim como seus personagens — são alegorias de regimes totalitários. Mais especificamente, da URSS stalinista.

Desse modo, nossas ilustrações, a despeito de sua inegável origem animal, são “bichos” indefinidos: pernas sobre as quais se articulam formas tipográficas. As alegorias de Orwell transmutadas num dos símbolos máximos da cultura humana — a linguagem — em ação. 

No decorrer do livro, as imagens transitam entre diferentes funções: são ilustrações “tradicionais”, de capa e miolo, mas também se desmembram e podem funcionar como capitulares do texto corrido ou numerações de abertura de capítulo.

Assim, o apelo lúdico das alegorias criadas por Orwell se mantém vivo, circulando por entre as páginas, mas sua dimensão política não se vê reduzida a inofensivos bichinhos.