A edição do selo Amarcord, lançada em 2023, traz uma tradução do clássico texto de Bram Stoker realizada pelo escritor Lúcio Cardoso na década de 1960 o que, por si só, já justificaria sua publicação. 

Desse modo, o texto é diagramado de forma limpa, sem grandes interferências. A dimensão gráfica, no entanto, não se limita ao papel de coadjuvante. A estrutura epistolar da narrativa, por exemplo, é ressaltada por divisões de capítulo e intertítulo, como não poderia deixar de ser, num rubro vermelho. Complementando as camadas narrativas da obra, mais de trinta ilustrações foram desenvolvidas a partir de frames do filme homônimo de 1932. A escolha não se deu gratuitamente: é nessa película que Bela Lugosi imortalizou a figura de Dracula que nós hoje conhecemos. Na mesma toada, o título surge, puramente tipográfico, numa página dupla como se um letreiro de filme.

Uma edição que utiliza as possibilidades da linguagem visual num livro em sua máxima potência — de elemento organizador da linguagem verbal à criação de uma narrativa pictórica quase autônoma — para, juntas, formarem um conjunto rico e diverso, mas coeso.