PRIMEIRAS IMPRESSÕES
O nascimento da cultura impressa e sua influência na criação da imagem do Brasil.
Na abertura de um folheto de 1505 reproduzindo ‘Mundus novus’, carta que acreditava-se ter sido escrita pelo navegador florentino Américo Vespúcio, está impressa a primeira representação visual conhecida do Brasil. Uma xilogravura para ilustrar “o povo e a ilha descobertos pelo Rei Cristão de Portugal ou por seus súditos”. Na imagem, com exceção dos bebês de colo e do cadáver dependurado “como toucinho”, todos os outros vestem uma saia de penas, indumentária inexistente em qualquer descrição dos habitantes originais da costa brasileira, mas que, curiosamente, fixou-se na iconografia do nativo. Era apenas o começo de uma longa série de distorções que terminaram por criar a imagem do Brasil em seus primeiros séculos.
Em mais de cem imagens, “Primeiras Impressões” apresenta e discute o complexo amálgama de indústria, arte e códigos culturais vigentes que deu origem à criação da imagem do Brasil, colocando os parâmetros da produção gráfica da época — tanto culturais quanto industriais — como fatores decisivos nesse processo e, desse modo, realçando a importância da cultura visual não apenas como reflexo, mas também produtor do mundo ao nosso redor.
O projeto resultou num livro publicado pela WMF Martins Fontes em 2022 e numa mostra exposta no Museu da Casa Brasileira/SP e na Caixa Cultural/DF, em 2017.
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